Na segunda-feira (13), às 9 horas, será realizado no Plenarinho da Câmara Municipal de Campo Grande o seminário “A insatisfação política e a ascensão do autoritarismo-populista”. A convidada para palestrar sobre o tema é Débora de Oliveira Santos, doutoranda e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora da Pesquisa Mundial de Valores (World Values Survey – WVS) no Brasil.
“Nos últimos anos, observamos a ascensão de atores autoritário-populistas tanto em democracias consolidadas quanto naquelas ainda não bem estabelecidas”, afirma Débora. Nesse contexto, a questão que surge é: o aumento da insatisfação política explica o crescimento do apoio político ao autoritarismo-populista na América do Sul e na Europa? Na avaliação da pesquisadora, essa hipótese é plausível.
A World Values Survey é uma investigação mundial sobre valores socioculturais e políticos, desenvolvida em cerca de 100 sociedades nos seis continentes, abrangendo cerca de 80% da população do planeta. Aborda diversos temas que proporcionam uma ampla visão a respeito do que os indivíduos pensam sobre diversos aspectos da vida social, tais como qualidade de vida, meio ambiente, ciência e tecnologia, política, economia, tolerância, trabalho e religião.
De posse desses dados, a pesquisadora brasileira analisou casos em países como Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, Espanha e Holanda. “Verificamos que há uma desconexão entre o apoio à democracia e a insatisfação com o seu desempenho, o que favorece, em alguns casos, o crescimento do autoritarismo-populista”, explica Débora. Além disso, a cientista política avalia que os eleitores desses atores são justamente os mais insatisfeitos. “Porém, essa hipótese é parcialmente confirmada, já que a insatisfação é insuficiente para explicar todos os casos, sendo outros fatores, como o conflito de valores e a cultura política, mais pertinentes”, completa.
Após a palestra, haverá um debate com a presença do deputado federal Vander Loubet e da vereadora Camila Jara, realizadores do seminário, além do professor Ido Michels, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e chefe de gabinete do deputado em Brasília.