Vander Loubet*
Na condição de representante do povo sul-mato-grossense no Parlamento, sinto necessidade de trazer ao debate um tema de grande relevância, que tem determinado os rumos da sociedade contemporânea. Trata-se do uso cada vez mais frequente de tecnologias digitais, especialmente do celular.
Os aparatos tecnológicos de comunicação e informação possuem inúmeros aspectos positivos. O celular é um dos que mais beneficiam nossa rotina na atualidade. Ele permite recebimento e chamadas de ligação, troca de mensagens instantâneas, transações bancárias, orientação sobre endereços e mapas por aplicativos de geolocalização, dentre várias outras facilidades que esse dispositivo possibilita.
Além disso, o celular também serve como fonte de aquisição de conhecimento e informação, já que através dele podemos nos conectar a portais de notícias, sites educativos, plataformas de aprendizagem formal e outras ferramentas de produção e divulgação de saberes. Seu uso também aprimora o desenvolvimento de habilidades digitais, que são necessárias, hoje, para o crescimento acadêmico e para a inserção e permanência no mercado de trabalho, em quase todas as áreas.
No entanto, não podemos desconsiderar os aspectos negativos do uso desenfreado do celular. Um desses problemas tem sido advertido por médicos e fisioterapeutas: os danos à coluna, devido à má postura adotada pelos usuários de celulares que os utilizam por muitas horas ao dia.
Em geral, durante o uso do aparelho, projetamos o pescoço para a frente e para baixo e o prolongamento dessa posição pode causar dores de cabeça, nos braços e na coluna. Ademais, os movimentos repetitivos podem gerar complicações articulares nas mãos, como tendinites ou a síndrome do túnel do carpo.
A permanência excessiva na frente do celular também promove o sedentarismo, que, sabemos, é extremamente nocivo à saúde física. Ainda com relação à saúde corporal, oftalmologistas também alertam para os perigos das letras pequenas e ao uso do aparelho no escuro, que podem causar problemas de visão. Outra preocupação, meus caros, é o excesso de luz e foco, que provocam secura, inflamações e fotofobia.
Talvez, ainda mais preocupantes do que os eventuais danos do uso exagerado do celular à saúde física sejam os riscos psicológicos e emocionais que tal uso pode acarretar. A começar pelo prejuízo ao sono, já que muitas pessoas tendem a ficar até tarde da noite olhando para as telas dos celulares. Essa demasiada exposição à luz compromete a qualidade do repouso.
As noites mal dormidas podem ter muitas consequências para a saúde mental, ajudando a desencadear transtornos, como ansiedade e depressão. Além disso, as redes sociais e aplicativos de relacionamentos, comumente acessados pelos celulares, afetam a convivência presencial com familiares e amigos, principalmente por parte dos adolescentes, que estão cada vez mais dependentes dessas ferramentas para interagir com outros seres humanos.
Apesar desses aspectos preocupantes, não podemos transformar a tecnologia e o celular em vilões. Isso de nada adianta. É necessário, porém, criar formas saudáveis de lidarmos com esses recursos.
Para isso, é importante estabelecer limites diários de horas de uso do celular, filtrar os conteúdos que vamos acessar na internet e estar constantemente atentos para o risco da dependência exagerada do aparelho.
Sugiro que os pais e responsáveis pelas crianças e adolescentes do Brasil devem educá-los para o bom uso das tecnologias digitais, para que celulares, tablets e computadores não se tornem inimigos dos nossos jovens, mas aliados na sua preparação para o futuro.
*Deputado federal (PT-MS)
Foto: Arquivo/EBC