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Os 112 anos de Campo Grande e a festa que é do povo

Vander Loubet*

O povo campo-grandense faz a festa para comemorar mais um aniversário da cidade que ele constrói, mas ainda não é a cidade que ele quer. E a culpa não é do povo, que há 112 anos vem cumprindo religiosamente seu papel, desde o trabalho que cada família realiza para contribuir com o desenvolvimento até as escolhas que os eleitores fazem para definir seus representantes públicos.

Portanto, essa comemoração e as manifestações de júbilo ao seu redor pertencem à população, e só a ela, porque é a principal protagonista da grandeza desta que é tida como uma das mais belas e acolhedoras cidades brasileiras.

Diante dessa verdade incontestável, e por respeito ao caráter e ao perfil único deste povo, é que na data máxima do Município, 26 de agosto, cumprimento e agradeço aos homens e mulheres de Campo Grande pela obra que realizam, pelo exemplo que dão ao País e pela forma carinhosa com que acolheram pessoas como eu, que vieram de outros lugares.

Visão do Centro de Campo Grande ao entardecer
Visão do Centro de Campo Grande ao entardecer

Infelizmente, se Campo Grande hoje ainda não é exatamente a cidade pela qual trabalhamos e sonhamos, não é culpa da população, mas sim daqueles que têm a obrigação institucional e política de realizar as intervenções de responsabilidade do poder público. A capital do Estado vem sendo tratada hoje por dirigentes que parecem estar olhando a cidade como se ainda estivessem no século passado.

É inconcebível tal contradição. A comunidade que começou com 65 moradores em 1872, no final do século 19, alongou suas exigências e plantou com rapidez e segurança os seus sonhos de expansão social e econômica. O primeiro milhar de habitantes foi registrado por volta de 1910. Em 1980 já eram quase 300 mil e no final do século 20 chegavam se aproximavam dos 560 mil moradores. Hoje, a urbe chega à segunda década do século 21 com um oceano de mais de 800 mil moradores.

Pesquisas recentes feitas por veículos de imprensa da Capital mostram que a maioria da população gosta da cidade e se diz satisfeita por viver aqui. No entanto, essa mesma maioria sabe bem o que está errado e há anos aguarda por solução para problemas como o caos na saúde, a criminalidade desenfreada, o alto índice de violência e acidentes no trânsito e a falta de cuidado com a infraestrutura urbana, sobretudo no quesito asfalto e drenagem.

E nem assim os campo-grandenses se deixam abater. Querem mudanças. Querem mais e melhor. Estão mais exigentes e precisam ser vistos com um olhar de respeito e de compreensão democrática. Devem ser tratados como construtores de uma cidade que está chegando ao seu primeiro milhão de habitantes e não pode mais padecer com improvisos e falsas soluções. Não adianta mais, por exemplo, o arremedo de imposição tardia da autoridade para cobrar hoje das empresas do transporte coletivo a qualidade de um serviço que deveria ter sido exigida seis anos e meio atrás. Ou, muito antes, ao longo das cerca de duas décadas nas quais Campo Grande é administrada assim, do mesmo jeito.

A população de Campo Grande anseia pelo novo, pelo moderno, pelo democrático. E por uma simples razão: porque a cidade merece.

Os cidadãos e cidadãs da capital sul-mato-grossense querem curtir e passear na bela viola, mas não querem viver, por dentro, no pão bolorento. Os homens e mulheres campo-grandenses querem continuar sendo protagonistas das decisões, exercerem de fato o poder que têm na gestão da cidade. E por isso mesmo fazem a festa no aniversário do Município, porque não renunciam ao espírito alegre e à personalidade cordial com que temperam sua vocação para o trabalho e ao desenvolvimento social e econômico.

Felicidades, campo-grandenses!

*Deputado Federal (PT-MS)

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