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O que disseram as urnas de MS em 2016

Para Vander, resultado das eleições aponta para necessidade de reinvenção programática
Para Vander, resultado das eleições aponta para necessidade de reinvenção programática

Vander Loubet*

Após o término das eleições municipais em quase todos os municípios do nosso estado (a exceção é Campo Grande, que terá segundo turno), li e ouvi muitas análises e comentários sobre os resultados apontando para uma expressiva vitória do PSDB. Entretanto, tenho uma percepção diferente desta, baseada no processo político em curso.

Uma questão fundamental foi expressa por meio dos resultados das eleições deste ano: ocorreu uma vitória das oposições municipais, quaisquer que fossem.

A ser mantida a perspectiva de vitória de Marquinhos Trad na Capital, a distribuição das prefeituras por partidos em MS fica da seguinte forma: PSDB com 36; PMDB com 17, PR com oito; PSB com cinco; DEM e PEN com três cada um; PDT com duas; PSD, PMN, PSC, PSL e PTB com uma cada. PP, PT e PTdoB, que elegeram prefeitos em 2012, desta vez não tiveram nenhum êxito.

Teremos 885 mil sul-mato-grossenses governados por prefeitos do PSDB; 853 mil pelo PSD; 365 mil pelo PR; 260 mil pelo PMDB e 78 mil pelo PSB.

Logo, em um olhar aparente, os tucanos teriam saído das urnas como os grandes vitoriosos, com 36 prefeitos eleitos.

É uma verdade parcial, pois, numa análise detalhada, o que vimos ocorrer foi a vitória das forças oposicionistas locais, independentemente de partidos. Somente 16 prefeitos foram reeleitos dos 38 que buscaram continuar em seus cargos. Além disso, em pelo menos 11 prefeituras os prefeitos não conseguiram eleger seus apadrinhados como sucessores. Ao todo, 63 municípios tiveram vitória das oposições locais, incluindo Dourados, segunda maior cidade de MS, onde a vitoriosa foi Délia Razuk.

O próprio PSDB não conseguiu se reeleger em municípios que governava como são os casos de Água Clara, Fátima do Sul, Nova Andradina, Nova Alvorada do Sul e Selvíria.

Porém, se há um mérito na estratégia de poder dos tucanos, esse mérito foi o de buscar nos municípios lideranças que fizessem oposição às administrações locais, o que rendeu vitórias especialmente nos municípios menores.

No caso das vitórias em Corumbá e Três Lagoas, dois dos maiores municípios do estado, acho importante considerar a peculiaridade de que Ruiter Cunha e Ângelo Guerreiro poderiam vencer qualquer fosse o partido pelo qual concorressem por conta da popularidade de ambos em suas cidades.

Outra questão fundamental expressa pelos resultados das urnas este ano em MS foi a reação da sociedade e das lideranças políticas à construção de projetos hegemônicos.

As derrotas do PSDB, especialmente em Dourados e em Campo Grande – como apontam as pesquisas -, evidenciam uma maturidade política por parte da sociedade sul-mato-grossense, que se opõe à construção de projetos de domínio de poder, seja de qual partido for. E isso não é de agora. A análise das relações políticas em MS durante os últimos 17 anos evidencia a importância da construção de governos de coalizão, respeitando as forças e lideranças partidárias, bem como as diferenças políticas regionais.

Por fim, entendo que o recado das urnas nestas eleições em MS aponta para a necessidade de partidos e lideranças políticas buscarem uma verdadeira reinvenção programática e de métodos. Acreditar que os resultados expressam tão somente uma crise do PT, como tem sido divulgado amplamente pela grande mídia, pode ser uma simplificação perigosa do que realmente aconteceu e das transformações que estão em curso no cenário político e social.

*Deputado federal pelo PT e ex-secretário de Governo de MS

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