Vander Loubet*
No dia 5 de outubro termina o prazo para filiações partidárias de pessoas que almejam se candidatar a um cargo eletivo em 2014. A próxima semana colocará um ponto final em muitas especulações. José Serra pode sair do PSDB para disputar a Presidência pelo PPS? Marina Silva conseguirá a aprovação do seu novo partido ou se filiará a outro? Em Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja deixará o PSDB para facilitar uma aliança com o PT?
Fato é que, até o momento, o que se apresenta mais bem encaminhada é a possibilidade inédita de uma composição entre PT e PMDB para as eleições em nosso estado. Até porque a aliança nacional dos dois partidos vai seguir adiante na busca pela reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer.
Vejo a política como ferramenta necessária para a democracia. A democracia pressupõe sempre a capacidade de conciliar, negociar, flexibilizar e chegar a consensos, tendo como objetivo não apenas a política pela política, mas a concretização de avanços e melhorias para a população. Isso vale para qualquer país, é assim no Brasil, na Alemanha ou nos Estados Unidos, onde os líderes precisam de aliados para governar.
Aliás, que fique registrado, é exatamente isso que o prefeito Alcides Bernal ainda não entendeu e por isso enfrenta profundas dificuldades para governar Campo Grande, sob pena inclusive de sofrer um processo de impeachment por absoluta incapacidade de dialogar politicamente com aliados e adversários.
Em Mato Grosso do Sul, PT e PMDB são e sempre foram adversários históricos, especialmente a partir de 1996, na disputa pela Prefeitura da Capital.
O PT governou MS entre 1999 e 2006, com Zeca do PT, período no qual as novas bases econômicas e de gestão foram iniciadas, de forma inédita, no Estado, tais como a reforma administrativa e a criação dos fundos de investimentos no social (FIS), na cultura (FIC) e no esporte (FIE) e a nova lei de incentivos às indústrias, que ampliou, diversificou e modernizou a economia de MS. O PT ainda trouxe, para o centro da administração estadual, a preocupação com as questões sociais.
O governo de André Puccinelli deu continuidade à parte desse processo e ampliou muitas dessas ações.
Contudo, apesar dos enfrentamentos eleitorais, interesses comuns acabaram aproximando PT e PMDB. Os deputados federais e senadores de ambos os partidos, independente das diferenças, trabalharam de forma incansável pelos interesses de Mato Grosso do Sul, ajudando a garantir muitos investimentos e obras do governo federal no estado e nos municípios.
Outro fato que mostrou essa aproximação se deve à atuação do senador Delcídio do Amaral, que a partir de 2010 passou a usar o slogan “o senador de todos” e que inclusive amealhou muitos votos de eleitores do PMDB.
Uma aliança entre PT e PMDB em MS poderia indicar uma nova tendência política no estado: o término das polaridades políticas, assentadas, principalmente, nas disputas políticas de Pedro Pedrossian versus Wilson Martins e de Zeca do PT versus André Puccinelli. Seria o início de um período no qual as orientações programáticas e partidárias superariam as personalidades políticas.
Delcídio é nosso candidato, o candidato do PT, para governador nas eleições de 2014. Elegê-lo é nossa prioridade número um, bem como eleger uma boa bancada de deputados estaduais e federais para ajudá-lo na tarefa de administrar o Estado. Para as composições partidárias, temos para os aliados as vagas de vice-governador(a) e de senador(a). E dentro desse contexto, da possibilidade efetiva de aliança entre PT e PMDB em MS, existe a chance de um convite para que o governador André venha a assumir o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a partir da reforma ministerial prevista para abril de 2014.
*Deputado federal (PT-MS)