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O Corredor Bioceânico e o Trem do Pantanal

Vander Loubet*

“Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra…”

(Trem do Pantanal, por Paulo Simões e Geraldo Roca)

Com este trecho inicial de uma (talvez a maior) das músicas que simbolizam o Mato Grosso do Sul, gostaria de iniciar esta breve reflexão sobre o Corredor Bioceânico, que interligará o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, e vice e versa, através do território brasileiro e sul-mato-grossense, passando pelo Paraguai, Argentina e Chile (portos de Antofogasta e Iquique).

O trem de passageiros do Pantanal (que se tratava de um trecho da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), obra inaugurado em 1914, ligou Corumbá, na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, a Bauru, no interior de São Paulo, totalizando 1.622 quilômetros.

A estrada de ferro chegou a Corumbá em 1952, pois entre os anos de 1914 e 1952, a ligação só ia até Porto Esperança (na margem do Rio Paraguai), a 78 Km da Cidade Branca. Dali, a viagem seguia de barco a vapor, o que durava 12 horas.

O Trem do Pantanal viveu seu auge e apogeu nos anos 60, 70 e 80.

De Corumbá, passando pela fronteira da Bolívia, temos em Puerto Quijarro uma ligação de 600 quilômetros até Santa Cruz de La Sierra.

Essa breve digressão que fiz tem um motivo, que é associá-la ao projeto da Rota Bioceânica, por duas razões:

  1. O Corredor Bioceânico é um projeto que esta em andamento e sua idealização remete aos anos 1950, com distintos personagens e atores. Cada um a seu tempo e momento histórico contribuiu e tem contribuindo pela concretização do projeto;
  2. É de certa forma compreensível que, pela amplitude e magnitude da obra (afinal, são 2.396 quilômetros, passando por quatro países), tal empreendimento não se construa na totalidade em poucos anos. Ou seja, é um projeto construído por etapas e momentos históricos diferentes, por envolver muitas complexidades e realidades diferentes, e que se consolida com o tempo, a partir da soma das ações dos países e atores diretamente ou indiretamente envolvidos.

Neste momento, estão caminhando rapidamente três ações que consolidam uma etapa expressiva do projeto e que é um sonho antigo daqueles que almejam a integração latino-americana:

  • A ampliação da estrutura portuária de Porto Murtinho;
  • A construção da ponte rodoviária que ligará Porto Murtinho a Carmelo Peralta (no Paraguai);
  • A pavimentação do trecho rodoviário entre Carmelo Peralta e Loma Plata (277 quilômetros), que chegará ao chaco paraguaio (rodovia apelidada de Transchaco).

Para contribuir com esse momento, destinei uma emenda parlamentar para que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e seus pesquisadores e extensionistas possam apontar as diversas facetas (econômica, turística, logística, histórica, legal etc.) da Rota, bem como os atores socioeconômicos envolvidos, de forma que a toda a sociedade sul-mato-grossense – notadamente a mais direta, geográfica e economicamente atingida, caso da Região Sudoeste, onde fica localizada a minha saudosa Porto Murtinho – possam tirar o melhor proveito dos impactos positivos, bem como minorar eventuais externalidades negativas que o Corredor possa apresentar.

O Trem do Pantanal representou um marco na história de Mato Grosso do Sul, pois ligou pessoas, famílias e regiões do nosso estado, do País e do continente e permitiu, por onde passou, que cidades se desenvolvessem, mesmo que com distinções de acordo com as classes sociais, tal como as categorias do trem (cabines individuais e duplas com cama, primeira classe, segunda classe).

Agora, cabe ao Corredor Bioceânico ter impacto semelhante. Vejo, acredito e vou lutar para que a Rota tenha a mesma responsabilidade histórica, de ser inclusiva, interligando países, empresas e trabalhadores, representando esperança e sendo instrumento de desenvolvimento socioeconômico, tanto para os que poderiam estar nas cabines e na primeira classe do Trem do Pantanal, quanto para os que só poderiam pagar pela segunda classe. Ou seja, que atenda a todos aqueles que possam se beneficiar desse grandioso projeto.

*Deputado federal (PT-MS), ex-secretário de Estado de Governo (1999-2000) e de Infraestrutura, Obras e Habitação de Mato Grosso do Sul (2001-2002).

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