Um local que oferece estrutura adequada e logística para escoamento de produtos da agricultura familiar e que ainda serve de ponto de encontro para a população. Assim é o Centro de Comercialização de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar (Cepaf) de Amambai, que na cidade foi batizado como Mercado Municipal do Produtor Gasparino Moraes.
Inaugurado em agosto de 2019, o Mercado Municipal de Amambai tem dois aspectos interessantes. O primeiro é que dentro do estabelecimento não há a comercialização de alimentos industrializados; tudo é oriundo de pequenas propriedades rurais. O segundo é que o espaço – que conta com 22 boxes – não apenas valoriza a agricultura familiar como respeita as características individuais de cada família ou associação, tanto na hora de atrair a clientela como no momento de negociar os produtos.
Para o agricultor familiar Arnaldo Dias, o espaço serviu para expandir os negócios da família. “Foi uma bênção ir para lá, porque a gente teve melhoria na qualidade de vida, ninguém fica no relento. É um espaço fechado, com mais estrutura de limpeza e tudo isso atrai mais freguesia. Percebi uma melhoria para expor os meus produtos. Um sonho”, garante ele, que tem vendido produtos na linha de panificação.
Esse sonho foi resultado de uma grande parceria firmada entre os deputados federais Vander Loubet e Zeca do PT, o Governo do Estado (por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar – Semagro e da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – Agraer) e a Prefeitura de Amambai. Vander e Zeca entraram com emendas parlamentares, o Estado garantiu 100% de contrapartida e o Município viabilizou a doação do terreno.
“Fiquei muito contente com essa obra em Amambai, pois representou mais uma etapa cumprida por mim e pelo Zeca dentro do compromisso que fizemos de apoiar os agricultores familiares e pequenos produtores de Mato Grosso do Sul, nos três pilares do setor: produção, agregação de valor (agroindustrialização) e comercialização”, afirma Vander, que lembra que a parceria com a Semagro e a Agraer garantiu a construção de outros oito centros de comercialização no estado.
O Mercado Municipal de Amambai tornou real o desejo antigo de muitas famílias de agricultores de deixar as barracas da feira por algo que trouxesse mais conforto e qualidade. “Graças a Deus não tenho do que me queixar. Vendo tudo o que levo para lá e as coisas estão indo bem”, garante o produtor Adivar Albuquerque, que está no espaço desde a sua inauguração para vender o que produz em sua chácara: queijo, pães de batata e de mandioca, doce de leite, rapadura e galinha caipira.
Outro que tem gostado da vivência no Mercado é o agricultor tradicional e bancário aposentado Wilson José de Assis. “Mexo com frango de corte e erva-mate. Mas lá o meu forte é a erva-mate, que funciona bem tanto para o tereré como para o chimarrão.”
A versatilidade da erva de Wilson vem do cultivo orgânico, do uso somente de folhas e do barbaquá, técnica artesanal muito utilizada pelos índios e paraguaios na qual as folhas da planta são dispostas em um tipo de jirau ou grade para serem sapecadas, ou seja, expostas a altas temperaturas em curto espaço de tempo. Com isso, retira-se a umidade das folhas, dando um aroma e sabor diferenciado à erva-mate, semelhante a uma defumação. Além de trazer diferenciação na qualidade do produto, a técnica remonta aos tempos da Companhia Matte Larangeira. Uma verdadeira volta ao passado, com resgate cultural e de conhecimento.
No período de pandemia de Covid-19, os agricultores familiares vislumbraram outra grande vantagem do lugar. “É 100% melhor ter um endereço para deixar os utensílios como geladeira, freezer… não precisamos montar e desmontar barracas. Então, além da comodidade, ainda permite que a gente volte mais a atenção às normas de biossegurança”, justifica Adivar.
O atendimento no Mercado Municipal Gasparino Moraes ocorre às quartas-feiras, das 7h às 18h, e aos sábados, das 7h às 20h. “Tudo aquilo que é produzido no município e que antes era despercebido ou invisível por parte de muitos moradores agora tem um lugar para comercialização. Cada produtor tem o direito para fazer sua faixa, personalizar o seu espaço e isso é interessante”, conclui Wilson, que também é presidente da Associação dos Agricultores Familiares e Produtores de Erva-Mate de Amambai e Região (Agrimate).