Vander Loubet*
Na última segunda-feira (19), a Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (Faems) promoveu uma reunião em Campo Grande com políticos e empresários. Na ocasião a entidade – que reúne 57 associações e mais de 12 mil empresas – requereu participação no Conselho da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). Esse assento no Conselho é imprescindível para a Faems, visto que o setor de comércio representa praticamente dois terços da economia do estado.
Sempre que falamos ou analisamos a economia de Mato Grosso do Sul, é natural que nos venha a mente a importância da agropecuária, notadamente da pecuária de corte e da soja. Essas culturas foram e continuam sendo fundamentais para nosso desenvolvimento. Além disso, novas atividades surgiram e se consolidaram em nossa região, como a cana-de-açúcar, a madeira e a criação de peixes, entre outras.
No entanto, no âmbito do comércio e serviços, vivemos nos últimos anos uma verdadeira revolução silenciosa, que ocorre nas empresas de todos os portes. Uma modernização intensa ocorreu para oferecer, em terras sul-mato-grossenses, produtos e serviços com a mesma qualidade de outros estados e outros países. Isso fica visível ao analisarmos o PIB (soma de todas as riquezas produzidas) do estado, assim distribuído: Agropecuária (primário) – 16%, Indústria (secundário) – 17% e Comércio e Serviços (terciário) – 67%.
Vale observar que muitas das atividades vinculadas ao comércio e serviços em nosso estado têm relação direta com a agropecuária e com a indústria, pois em termos reais a economia se articula na forma de cadeias produtivas, sendo o setor terciário um vendedor de produtos e prestador de serviços ao setor primário e secundário. Logo, não são atividades que concorrem entre sim. Muito pelo contrário, dependem e se completam.
Essa contextualização se faz necessária para evidenciar a importância do comércio e serviços em nossa economia, pois além dessa expressiva participação no PIB, de acordo com Antônio Freire, presidente da Faems, esse setor participa com 68% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) arrecadado e com 79% dos empregos gerados.
Por tudo isso, a solicitação do setor de se fazer presente na Sudeco não só é justa, como fundamental, pois permitirá que a entidade possa efetivamente representar os interesses da sociedade e dos atores econômicos de Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, toda a bancada federal e representantes do governo federal com quem falei são sensíveis à proposição. Assim, creio que seremos exitosos nessa injustiça histórica, que se faz premente de ser reparada.
Precisamos ter instituições sólidas e independentes, assim como a Faems, para colocar em debate questões fundamentais da nossa economia, especialmente a redução de impostos e de custos operacionais. O governo federal tem dado demonstrações efetivas de preocupação com a elevada carga tributária, adotando medidas para desonerar muitos setores a fim de lhes conferir mais competitividade e condições de continuarem gerando emprego e renda para a população.
A questão da redução da carga tributária precisa ser trazida para debate para Campo Grande e todo o estado, pois, como disse no evento da Faems o senador Delcídio do Amaral, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, “realmente a carga tributária aqui [de MS] passou da conta e reduzir essa carga vai ser positivo, pois ao contrário do que se pensa, vai aumentar a arrecadação de impostos e trazer mais trabalhadores para a formalidade”.
*Deputado Federal (PT-MS)