Vander Loubet*
O que era para ser mais uma eleição, entre tantas ao longo da história da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), transformou-se na eleição mais disputada da história dessa tradicional instituição do nosso estado. A disputa entre Francisco Maia da chapa “Gestão e Produção” e José Lemos Monteiro, o Zeito, pela chapa “Força do Agronegócio”, extrapolou literalmente os fortes e altos muros da entidade.
No final, foram vitoriosas a forças que lutam pelo agronegócio, pelos produtores rurais e que buscam a construção de um Código Florestal que possa conciliar produção e sustentabilidade ambiental. Além disso, são forças que lutam pela autonomia das entidades de representação, sem que elas sejam atadas pelos que estão no poder, que lamentavelmente parecem não conseguir se relacionar com a sociedade e suas instituições.
Nesta eleição não foram derrotados somente Zeito, Oswaldo Possari e o grupo por eles representados, mas também o governador André Puccinelli e o prefeito Nelson Trad Filho, bem como outras lideranças de entidades que, lamentavelmente, estão encabrestadas pelos dois.
A derrota de André foi marcante, sobretudo porque ficaram visíveis as suas digitais no processo, desde a construção da chapa de oposição até a campanha explícita em favor de Zeito. Nelsinho, apesar de não ter se envolvido diretamente na eleição, no início do ano criou uma série de dificuldades para a realização da Expogrande, umas das maiores feiras do agronegócio do Brasil, onde milhares de pessoas se reúnem para ver a força dos nossos produtores e para assistir a grandes shows musicais. ao estabelecer uma visível perseguição à Acrissul, ambos não estiveram à altura dos cargos que ocupam.
Mas quais seriam as razões dessa postura inaceitável vinda de André e Nelsinho? Chico Maia sequer é petista. Se fosse, muito nos honraria ter um empreendedor da estirpe dele no partido. Então, o que Maia fez que desagradou tanto ao dois? Simples. Para André, pediu transparência nos recursos arrecadados pelo Fundersul, pois como representante dos produtores no Comitê Gestor do Fundo, não fez mais do que sua obrigação, que é representar os interesses dos seus associados. E no caso do prefeito, buscou, para vializar a Expogrande, construir consensos entre os envolvidos na questão da Lei do Silêncio, com a participação decisiva dos nossos vereadores.
A derrota imposta aos oposicionistas de Maia foi emblemática, pois demonstra que essas lideranças estão na contramão da história. Esses oposiocionistas não compreendem que as pessoas passam, as instituições ficam.
Na condição de deputado federal e como ex-secretário de Governo, sempre me relacionei com as entidades sem lhes cobrar subordinação e subserviência, pois é a solidez e a autonomia das nossas instituições que permitem construir a democracia e uma sociedade mais justa e moderna.
Finalizo afirmando que a vitória de Chico Maia na Acrissul e de todas as corajosas lideranças que o apoiaram não representa somente a vitória de uma chapa, mas sim a clara evidência de que novos ventos sopram em Mato Grosso do Sul. A autonomia e a coragem venceram o medo e arrogância.
*Deputado Federal (PT-MS)