A justificativa do PT para aliança com o grande “inimigo político” na eleição em Dourados é não ficar refém do PMDB na briga por cargos federais e criar embrião para ajudar o DEM no relacionamento com a presidente Dilma Rousseff. O argumento é do deputado federal Vander Loubet (PT), que não avalizou as críticas do ex-governador José Orcírio dos Santos ao grupo do senador Delcídio do Amaral, acusando-o de jogar o PT na “lata do lixo”. Ele pretende procurar o tio José Orcírio para “apagar o incêndio” e evitar o agravamento da crise no partido.
Além de encurralar o PMDB, a aliança com o DEM, explicou Vander, “é um grande pacto por Dourados, que foi vítima de denúncias de desvio de verbas”, que levaram o então prefeito Ari Artuzi (expulso do PDT) e quase todos os vereadores para a cadeia. “Dourados foi parar no fundo poço e os partidos deixaram as diferenças de lado para recuperar o município”, ressaltou.
Só que o PMDB também é aliado do DEM ao lado do PT em Dourados. Vander destacou, no entanto, a vantagem do PT sobre o PMDB na aliança com o DEM, conquistando o direito de indicar o vice de Murilo Zauith, professora Dinaci Ranzi. Ele não visualiza, no momento, entendimento direto com o PMDB nas eleições de 2014 para o Governo do Estado. Vander prevê mais um confronto entre os dois partidos.
O PT, na sua avaliação, quebrou um tabu fazendo entendimento com o DEM, partido que tanto atormentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Os democratas se cansaram de bater e levar pau nas urnas”, observou. Eles querem agora abrir o diálogo com Dilma para ajudar os seus municípios com investimentos federais.
Segundo Vander, o presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), e os deputados federais ACM Neto (BA) e Ronaldo Caiado (GO) já manifestaram interesse, em Dourados, na reunião com o candidato a prefeito Murilo Zauith (DEM), de abrir canal de comunicação com a presidente Dilma. Vander disse que estará com os democratas para conversar com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. E Murilo poderá participar deste encontro no Palácio do Planalto.
“Os democratas não têm mais interesse de fazer oposição sistemática a Dilma como fizeram com o presidente Lula”, afirmou Vander. “Eles não serão também aliados, mas poderão apoiar as grandes reformas propostas pelo Governo de Dilma”, explicou o deputado petista.
Ontem, Vander estava em São Paulo para se reunir com Cândido Vacarezza (PT-SP), líder do Governo na Câmara dos Deputados, para discutir o interesse do DEM de se aproximar de Dilma. O líder ficará encarregado de marcar audiência dos democratas com Palocci.
(fonte: Adílson Trindade/Correio do Estado; foto: Gerson Oliveira)