Com a implantação do Corredor Bioceânico, Mato Grosso do Sul poderá ampliar as relações comerciais não apenas com os países da Ásia, Oceania e Costa Oeste dos Estados Unidos, como também da América do Sul. As novas possibilidades de exportações e importações vão fomentar ainda a diversificação de indústrias no Estado.
É o que aponta um estudo que está sendo desenvolvido pela professora e pesquisadora Luciane Carvalho, que integra o projeto de pesquisa e extensão “Corredor Bioceânico”, realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) graças a uma emenda parlamentar de autoria do deputado federal Vander Loubet (PT-MS). Os acadêmicos Arianne Hiran Silva e José Paulo Nogueira também participam da pesquisa.
A rota reduzirá o custo e o tempo de viagem em até 17 dias rumo ao mercado asiático. “Isso indica melhora com relação ao frete e maior competitividade para os produtos sul-mato-grossenses, que atualmente são escoados via Porto de Santos e Porto de Paranaguá. Então, a rota é um projeto ambicioso que vem a se tornar realidade”, destaca Luciane Carvalho.
No período de 2015 a 2020, metade das exportações de Mato Grosso do Sul foi destinada para a China e para a ilha de Hong Kong, sendo os principais produtos: soja, carne bovina, pastas químicas de madeira, milho, açúcares de cana e de beterraba e sacarose. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Outros países como Japão, Coréia do Sul, Tailândia, Indonésia e Malásia correspondem a 13% do total das exportações sul-mato-grossenses nos últimos cinco anos. “Com a rota, Mato Grosso do Sul poderá aumentar o volume de exportações para os países asiáticos, atendendo à demanda por alimentos ao fornecer proteína animal como frango, suínos e peixes”, avalia a pesquisadora.
Na pauta de importações do Estado, China e Hong Kong compreendem 14% e os outros países asiáticos a 5%, no período de 2015 a 2020. “A rota traz um benefício mútuo tanto para as exportações como também viabiliza as importações para a produção industrial, fomentando o desenvolvimento e a criação de novos empreendimentos em Mato Grosso do Sul”.
Vizinhos – A expectativa é que a rota também promova a integração entre os países da América do Sul e o desenvolvimento local nos municípios alcançados pela rota.
Em relação ao Paraguai, o estudo identificou que o país vizinho pode fornecer a Mato Grosso do Sul produtos que atualmente são importados da China, como tecidos de malhas e fios sintéticos. Em 2019, por exemplo, Mato Grosso do Sul importou um total de US$ 82,9 milhões deste tipo produto.
“A pauta de exportações de Mato Grosso do Sul para o Paraguai também pode ser melhorada com o aumento no volume de produtos já destinados ao país vizinho como papel e cartão, tripas, bexiga e estômago de animais, óleo de soja e couro curtido”, explica Luciane Carvalho.
As exportações para o Chile corresponderam a 22% do total exportado pelo Estado em 2018, e a 26%, em 2019. Enquanto que as importações registraram 19% e 12%, respectivamente. Para Luciane Carvalho, tanto o volume de exportações quanto importações pode ser melhorado.
“O Chile é um parceiro importante tanto para o Brasil quanto para Mato Grosso do Sul porque há diversos produtos que tem destino brasileiro, como salmão, minérios, frutas secas e vinhos”, avalia a pesquisadora.
Integração econômica – Um levantamento realizado pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) aponta que o Corredor Bioceânico terá potencial para movimentar US$ 1,5 bilhão por ano em exportações de carnes, açúcar, farelo de soja e couros, para os outros países por onde a rota passará.
A pesquisadora da UFMS considera que a rota poderá potencializar as relações comerciais entre municípios dos quatro países que farão parte do trajeto e destaca possibilidades para o transporte de mercadorias apontadas pelo Sindicato das Empresas do Transporte de Cargas e Logística (Setlog-MS).
“A ideia é que os caminhões que vão até os portos do Chile carregados com commodities retornem para o Brasil com alguma carga, há produtos como o feijão, nas regiões argentinas como San Salvador de Jujuy e Salta, além da produção de vinho, no Chile e na Argentina”, conclui Luciane Carvalho.