Autor do livro “A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato” (obra que está sendo lida pelo ex-presidente Lula no cárcere da prisão política que sofreu), o professor, pesquisador e escritor Jessé Souza é o quarto convidado do projeto Diálogos Contemporâneos em Campo Grande, que acontecerá na próxima segunda-feira, dia 16 de abril, às 19 horas, no Plenário da Câmara Municipal.
Diálogos Contemporâneos é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura, viabilizada pelo Ministério da Cultura por meio de emenda parlamentar dos deputados federais Vander Loubet e Zeca do PT. A entrada é franca e está sujeita à lotação dos assentos. Ingressos serão distribuídos no local da palestra a partir das 18 horas.
Doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC, em São Paulo), Jessé Souza é autor de 27 livros, incluindo “A ralé brasileira: quem é e como vive”, “A tolice da inteligência brasileira” e “A radiografia do golpe”.
Através da sua extensa literatura, propõe fazer o que nenhum intelectual da esquerda jamais fez: explicar o Brasil desde o ano zero. Isso, segundo ele, é porque se ideias antigas nos remeteram ao tema da corrupção como grande problema nacional, só mesmo novas concepções sobre o País e seu povo poderiam explicar, de uma vez por todas, que as raízes da desigualdade brasileira não estão na herança de um Estado corrupto, mas na escravidão.
Nesta linha de pensamento, o tema da palestra de Jessé de Souza em Campo Grande não poderia ser mais apropriado: “A formação do Brasil: do descobrimento aos tempos atuais – A herança cartorial, o patrimonialismo e a cultura de privilégios”. O Brasil, segundo o professor, passa por um momento histórico regressivo, com influência importante da mídia tradicional no processo. No livro “A elite do atraso…”, ele chama a atenção para a existência de uma interpretação dominante sobre o Brasil e aponta os motivos pelos quais a sociedade brasileira em 2018 não passa de uma continuidade da sociedade escravocrata de 500 anos atrás.
Sem meias palavras, Souza faz uma crítica contundente à falta de pensamento crítico e à tendência ao autoritarismo vigente: “Os seres humanos precisam ter ideias, sem ideias não dá para ir a lugar algum”. Sem isto, segundo ele, corre-se o risco desta sociedade ainda piorar. “A gente pode chegar a formas fascistas, mas o que a elite quer é dinheiro, se for por uma ditadura militar, se for matando gente, não tem nenhuma importância. Fato é que nesse instante de crise estamos com as vísceras à mostra e isso é uma oportunidade de vermos a podridão desse esquema que foi montado por essa elite usando e imbecilizando a classe média. O que esse pessoal nos tirou foi a possibilidade de aprendizado da sociedade brasileira baseado na reflexão. E isso é impagável.”
A programação do Diálogos Contemporâneos pode ser acompanhada pelo Facebook: www.facebook.com/amigosdacultura.