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Carta aberta a Eduardo Moreira

Prezado Eduardo Moreira,

Permita-me inicialmente lhe saudar e cumprimentar pelos profundos conhecimentos econômicos e financeiros expressos em seus diversos cursos e publicações, juntamente com os diversos projetos sociais que, ao longo da sua carreira, desenvolveu e segue desenvolvendo, como é o caso do “Brasil de Verdade”.

Sobre os acontecimentos recentes envolvendo sua fala durante uma entrevista à Leda Nagle sobre a situação indígena na Região da Grande Dourados, especificamente do povo Guarani Kaiowá, gostaria de manifestar meu irrestrito apoio às suas preocupações. De fato, a situação de várias comunidades indígenas no País e aqui em Mato Grosso do Sul é gravíssima e lamentável.

Por mais incômodas e dolorosas que sejam, suas constatações e observações em torno das questões indígenas de Dourados refletem sim a realidade dos fatos, não só daquela região, mas também de muitas outras em nosso estado.

Na condição de deputado federal pelo PT-MS, já em meu quinto mandato, tenho envidado esforços para reduzir a situação de quase completo abandono à qual nossos irmãos e irmãs indígenas passam. Em especial, o esforço do meu mandato, assim como do mandato do ex-deputado federal Zeca do PT (2015-2019), é de viabilizar aos indígenas de Mato Grosso do Sul condições e apoio para produção agrícola nas aldeias, para subsistência e para comercialização do excedente. Temos colhido excelentes resultados em várias aldeias, mas é fato que ainda há um longo caminho a percorrer até que todas as aldeias possam ser atendidas.

Por isso, manifestações como as suas nos alertam mais e são fundamentais para pressionar os diversos segmentos do poder público e da sociedade sobre a real situação dos nossos irmãos e irmãs indígenas e sobre a necessidade de ações e políticas públicas para o enfrentamento dessa dura realidade.

Ressalto que além da questão humanitária – primordial – temos que ter clareza de que esse tema ecoa na economia, no setor produtivo, sobretudo porque Dourados, assim como todo o estado de Mato Grosso do Sul, é uma região exportadora de commodities para o mundo e questões como essa – a indígena – podem naturalmente comprometer nossas relações comerciais com outras nações, visto que cada vez mais o mundo está de olho sobre a realidade na qual os produtos que compram são produzidos.

Entendo, da mesma forma que você, que somente o diálogo entre as instituições e diversos atores políticos e sociais é que de fato permitirá o surgimento de soluções a problemas tão graves. Sabemos da índole trabalhadora da população douradense e de suas contribuições para o desenvolvimento do Mato Grosso do Sul e do Brasil, mas a manutenção da situação de abandono das comunidades indígenas do município não pode ser uma opção, pois o silêncio e a omissão nesse caso só tendem a trazer prejuízos.

Por fim – e nesse sentido – estou propondo à Assembleia Legislativa de MS que, de forma conjunta com a Câmara Federal, formemos uma comissão na qual possamos tratar da realidade indígena na Grande Dourados, a fim de buscar soluções efetivas para as questões apontadas por você e também por muitas outras lideranças, ativistas e estudiosos da questão indígena em Mato Grosso do Sul e no Brasil.

Vander Loubet
Deputado Federal (PT-MS)

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